domingo, 28 de agosto de 2011

Poema para um jornal do século passado.

Já era sabida a tragédia,
Porém ninguém se antecipou
Bateu firme num poste de luz
O Bonde que outrora ao Rio alegrou.

Desde a época de Oswaldo Cruz
Já era grande a transformação
Que fazia, pela ferrovia
O bonde com seu apito mandão!

Foi-se morto o motorneiro
Um casal de estrangeiros
E uma alentejana fadista

E do bairro de turistas
(A linda e bela Santa Teresa)
Foi-se embora toda a gente da vista.

O triste ocorrido de ontem
Fez alardear os jornais
Vieram fotógrafos aos montes
Abarrotou os hospitais

O prefeito a se pronunciar
Como sempre o mais ligeiro
Agora só falta botar
A culpa de tudo no morto motorneiro!

Hoje apito do bonde não se escuta
Nas abandonadas ladeiras do bairro
Também, depois do que houve!

E o triste povo vestido de preto
A demonstrar o seu luto pergunta
O que se vai fazer a respeito?


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