quarta-feira, 18 de maio de 2011

Saudades da Ilha

Hoje veio inesperada, numa brisa gelada, uma saudade tão imensa.
De dias de sol com casaco e cachecól, de Lagoa da Conceição, de pinhão, de fogueira, de calmaria. Hoje tudo eu daria para estar na minha amada Ilha da Magia.
Era sempre em dias assim que tudo ficava sereno. Morava eu numa casa pequena, mas com um grande amor. Vivia eu entre minhas flores, minhas ervas e animais, na mais perfeita inquietude de quem sonha alto, com cidade grande, com grandes feitos, com vôos distantes. Vivia eu em paz, contudo, imaginando que naqueles dias de frio e preguiça, nada aconteceria demais. A tarde cairia cor de rosa entre músicas e livros, e quando a noite chegasse enluarada e gélida, um vinho gaúcho esquentaria uma conversa mansa com a vizinhança tão amiga, o fumo traria boas risadas a tôa, e mais tarde o cobertor sobre a cama simples de fina madeira teriam o conforto de um ninho. Adormeceria nos braços de alguém sonhando com novos horizontes, mesmo sabendo da alegria daquele meu horizonte despoluído, daquele mar rugindo depois das dunas e que do quarto de dormir se podia ouvir o bradar madrugada adentro. A rua calada, não fosse pelos latidos da minha fiél companheira canina Menina e dos vários ninhos de corujas que habitavam nomeando assim a servidão Toca da Coruja.

Se hoje fosse ontem, lá estaria eu sonhando como estou, só que ao contrário.

Por que será que esta veia de inquietação insiste, se é tão mais feliz aquele que encontra em seu cotidiano a beleza e a calma de estar exatamente onde gostaria de estar?

Se a saudade matasse, eu cairia dura neste instante, para nunca mais.


Para todas as pessoas amadas que estão onde eu queria estar neste momento. Beijem com muito amor a Ilha por mim!!!

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Precioso

Pedra preciosa, turquesa rara,
teus olhos de tara quando a manhã vem.
Pérola aos montes, seus dedos cortantes
a dedilhar poesia sempre que me quer bem.
Ouro dourado, teu beijo eperado,
rente ao meu pescoço arrepiado.
Vermelha granada, tua boca rosada,
grito estancado em minha boca molhada.

Falso brilhante, você meu amante.
Te quero comigo, vero diamante.

Púrpura ametista, nossa veia de artista
Verde esmeralda, que de mim se esbalda
Quando safira, vai e se retira
Quando rubi, fica e me sorri.

Mais que gostosa, coisa preciosa
Ver nosso amor por nós ser lapidado
Tal qual minério, na terra guardado
Por nosso Senhor um dia gerado

Para que no dia em que por nós fosse achado
Fosse assim estimado, apreciado e cuidado.
Mais que gostosa, coisa preciosa,
Meu peito por ti tão enamorado.



Para o meu amado violeiro, dos olhos de turquesa e dedos de ouro. Ai como te quiero, ao som de um bolero.

terça-feira, 10 de maio de 2011

De tarde na Janela

Em dias quando o vento sopra o bailar de pássaros no céu,
O véu que cobria as encostas dá lugar ao brilho, ao verde macio
E azul se faz o horizonte, mistura-se longe com a cor do mar;
Sinto bater nas costas inspiração, poesia a chamar.
Se já não me faltam palavras para respingar sobre a melodia,
Se àgua cobria a cidade, os barcos passavam com a nostalgia.
Agora este dia sereno, um quarto pequeno preenche de amor
Sabor de um novo começo.
Que a canção, em seu avesso
É o triste silêncio de um cantor.