segunda-feira, 28 de maio de 2012

Feituras do Amor

O amor me fez gracejo
Disse ela com um beijo
O amor é um privilégio
Quando tédio sem amar!

O amor me fez pirraça
Disse alguém cruzando a praça
O amor é uma desgraça
Que não quero mais provar!

O amor me fez chamego
Disse a outra pro seu nêgo
O amor é um sossego
Que me bate após gozar.

O amor fez arapuca
Disse aquela já maluca
O amor é uma sinuca
Ou um jogo de bilhar?

O amor não me aparece!
Disse um pobre a Deus em prece
O amor só agradece
Quem tem chance de provar...

O amor mesmo precoce
Me deu voz e bico doce
O amor, se amor não fosse
Era fácil de inventar

O amor não me fez nada
A não ser pintar a estrada
E ensinar a tabuada
De como se faz para amar

domingo, 13 de maio de 2012

Poema Sem Forma

Para os Kantovitz Sanglade

Pela terceira vez na semana, sonhei contigo
O que me causou grande espanto – Há trinta anos não te vejo.
Desta vez continuava manso
Objeto de meu carinho, sorridente
Mas perdera dois dentes do fundo e tinha dois dentes verdes da frente, verdes de tanto fumar cannabis.
Te vi cruzar a rua e pulei em teu colo segura: antigo amor, tua saudade cansa como a de um irmão!
Neste instante cruzamos um campo azulado
Havia araucárias e montes escuros
Eu ia montada numa onça pintada e você a cavalo, corria com os cachorros.
Ganhei a corrida e cravei as unhas na onça.
A onça era mansa
A saudade é que não correu. Ficou. Cresceu.
Ferozmente.