A última vez que coloquei um texto de aniversário aqui no blog foi dia 21 de Setembro, aniversário de minha mãe (O texto "Um beijo, de sua Curuminha"). Hoje volto para fazer novamente umas linhas de aniversário, de lembrança, já que assim como estava longe de minha mãe no dia de suas primaveras, estou longe hoje deste que de algum modo é como se fosse parte da família, é um pouco um pai vagabundo e vadio, mas que ainda assim nunca me abandona. Aquele imenso coração, o tal do Nelson Cavaquinho.O mínimo que poderia ser dito sobre ele é que foi e será um de nossos maiores, sempre. Mas não tenho a intenção de discutir aqui sua obra, pelo contrário, eu só queria poder dar-lhe um grande abraço e dizer muito, muito obrigada seu Nelson...
Assim como quando do aniversário de minha mãe eu não podia, hoje também não posso concretizar este abraço. Mas apesar de seu corpo ter-se ido deste mundo (a casca completaria 100 anos hoje, se ainda encarnada), Nelson está perto, permanece bem aqui, cantando desde hoje cedo para mim. Tenho a sensação de que quem grava um disco não morre, porque morrer é parar a conversa, é se retirar da mesa. E ele não se retira, nem vai se retirar jamais de nossos ouvidos, lábios e palmas de mão... E além disso sempre, sempre e inevitavelmente será rememorado nas rodas boêmias e noitadas cariocas, especialmente se elas acontecerem perto do centro, da praça Tiradentes (mas também se elas tomarem forma pelas adjacências da Glória, Largo do Machado ou Copacabana, ou onde quer que seja).
Ainda que estando longe fisicamente deste meu pai adotivo ao contrário - adotado ele por mim, ao invés do inverso - ou como diria o meu querido amigo Flora, deste cara que é gente como a gente, da "sargeta e da lama" (na verdade Flora completaria com um " para caraaaalho, gente para caraaaalho"), eu quero poder lhe enviar onde estiver um brinde, Seu Nelson Cavaquinho.
Infelizmente só posso lhe mandar estas flores em palavra e o meu carinho postumamente. Mas pensando bem, como não te conheci enquanto passeavas encarnado por aqui, para mim você não se chama "saudade", se chama realidade. Eu já te conheci assim e este que eu conheci não morre. E não apenas não morre porque os mestres são eternos e seus ensinamentos perpetuam através das gerações, mas porque o som que é lançado ao vento, a música, ela nunca para de ressoar no mundo. E a cada vez que eu te ouvir a cantar aquele "laraiá" lindo de "Minha Festa", ou quando imaginar você no meio do picadeiro com a cara pintada todas as vezes em que ouvir "Palhaço", lá estará você. Vivo como sempre, em minha emoção e afeto.
Um grande beijo Seu Nelson. Minha admiração sincera e profundo repeito. Que toda esta energia que emana de tudo o que o senhor fez enquanto estava preso na casca, por aqui na Terra, possa continuar a nos ensinar como é que se faz para viver com mais liberdade e menos apego. Possa nos ensinar a ser bem mais gente.
Muito obrigada por tudo.
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