Assim que o céu cobrir de fino tule seu breu, logo nos primeiros pontos de madrugada eu vou...
Embora aos poucos e com preguiça descosturar os tecidos grudados até então, fiapo por fiapo, prega por prega. Com calma recolher as pedaços de pano abandonados no caminho, escorrer novamente e quem sabe pela última vez a fazenda macia sobre o antebraço, sentir o peso e a boa textura que possui, o que ela causa na pele. Entre os dedos acarinhar as franjas escuras, mechas de melindrosa fantasia de um efêmero carnaval, os penachos, sentir-lhes o cheiro. Levar talvez um fio grudado no sapato.
Desenrolar um carretel inteiro de barbante de uma só vez, gastar verbo, há tantas histórias para contar. Ver o fim da linha, o derrubar voado do carretel, encerrar tudo isso num bordado multicolorido: ponto-cruzes credo, renda-se de bilro, umas lantejoulas latejantes.
Olhar para o ateliê desarrumado, ouvir o bater seco de portas atrás.
Assim que o céu cobrir de rude chita seu clarão, logo nos primeiros pespontos de arremate, eu volto...
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