segunda-feira, 9 de novembro de 2009

De Mun-dança

Na dança do mundo, eu comecei criança.
E como é pra sair da roça, tem que ser cheia de esperança
Pequenininha e caipira, eu fui fazendo roda
Tal qual lembrança de amor, que vai embora mas um dia volta.

Depois de ir ver o estrangeiro, eu quis conhecer o mar
E me mandei numa onda fria, numa ilha eu fui morar.
Lá eu ganhei muito amigo, muito estudo e instrução.
Assim saí de meu umbigo, e me enamorei pelo choro-canção.

Na ilha de meu destino, por um tempo descansei...
Aportei meu barco a vela, montei casa e me casei.
E nessa estada eu dancei maracatu, samba e capoeira.
E confesso que pensei por vezes em ali passar minha vida inteira.

Porém, tendo sina viajeira um belo dia foi que me cocei.
Eu resolvi mudar de ares, ver tudo aquilo que inda não sei
Fiz de mim mais uma retirante, e botei a viola no saco.
Dois pares de roupa velha, pouco dinheiro e meu mulato.

Nos encaminhamos pro norte, onde nos disseram haver
Uma cidade que de tão grande, não parava mais de chover
Era o choro de retirantes, que garoava mansinho no concreto.
E como lá havia de tudo, não havia errado e certo.

Na mesma onda em que vim, peguei carona e fui-me embora.
Deixei pra trás a lembrança, carreguei os amigos de outrora.
Continuei minha dança, passo a passo meu caminho.
Vou cantando a esperança de ainda ver o mundo todinho.

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