Veja meu amigo, o desespero em que ela me põe. O que foi que eu fiz? A esta altura do campeonato, fui cair nas unhas desta tigresa, como um anjo inocente que ao tentar breve vôo se lança ao fogo infernal, à prisão de uma paixão insana. Aquela vagabunda, piranha. A loira maldita é gostosa como o quê. A gatinha neném é rainha de tudo. E eu, vagabundo cascudo, entrei pelo cano com essa mulher.
Das suas pernas eu tirei a coragem para abandonar a casa e o casamento. De seus seios eu tirei alimento pro corpo e pra alma, me embriaguei do leite ralo de uma ilusão. Carimbei os papéis de uma jura de amor eterno, que fui eu mesmo quem jurou pensando que a jura era dela. Eu assinei foi um atestado de idiota, eu fiz de tudo por essa vaca e, aliás, tenho feito. E não consigo deixar de fazer! Acho que estou louco! Não consigo deixar de fazer, porque eu a quero de qualquer maneira, eu a quero sem medo e sem pena, eu a quero ao meu lado, eu quero vê-la de quatro. E por trás. Afogada por mim. E o pior de tudo isso é saber que a imbecil me ama. Mas é filha da puta tão burra que nem disso se dá conta... E agora olha ela aí, entregando pra outro o que é meu, saracoteando com minha dor, se exibindo, me fazendo ciúme, um ciúme doido e doído, um ciúme de matar. Olha ela aí leiloando o que me prometeu por alto custo. E um custo que venho pagando a pesadas prestações, uma coisa de cada vez. A casa, o casamento, a moral. Logo eu, pra quem mulher não falta, logo eu, que sou pica das galáxias, um amante das mulheres, de verdade, um amante das mulheres. Cada uma eu amo e amei sempre com gosto, embora poucas vezes tenha me largado à deriva dos desejos femininos, dos perigos que eu sempre julguei conhecer decorado e salteado, e agora – surprise, baby! – eu estou fodido.
Eu vou desistir desta merda, eu vou largar de mão. Eu juro. E ela que vá tomar no cu a piranha, ela que vá pro raio que a parta. Ela que se lasque, porque eu vou cair de pau, eu vou à forra, vou comer a metade do Rio de Janeiro que ainda não comi e também não terei mais coração. Eu juro, não terei mais coração. Deu pra mim de amor, deu pra mim de mulher. Não, meu caro, eu não me transviei - você sabe que isso é impossível. Mas porra, elas estão todas loucas e eu já estou de saco cheio, quer saber? Com sua licença vou citar Caetano, I`m alive and vivo, muito vivo. I`m in the age of gold, baby. Nove em cada dez mulheres me fazem ficar excitado só de olhar. E não vai ser esta, não vai ser esta vaca quem vai me fazer penar, não vai. Agora é hora, I`m free as a bird baby, I`m lost. I`m gonna hit the road and won`t come back no more. Rock it, baby : A gata perdeu e quem ganha é a população feminina do centro ao alto Leblon. E antes que as praias desapareçam na subida da maré, eu vou humilhá-la pelas redondezas, vou tirá-la de mim. Eu não sou de ameaçar. Eu vou lá e faço. Eu juro.
E eu posso até morrer de dor, que não estou nem aí. Que mais me resta além da liberdade?
Que mais me resta a não ser rezar para que ela mude, para que se manque... Mas é tão imbecil minha amada, é tão abusada... Só pode ser coisa da idade. Que mais me resta além de esperar impacientemente que ela me mande uma mensagem de texto agora confessando que me ama e que será minha escrava eternamente, que sucumbirá a todos os meus desejos.
Que será minha flor, meu bebê. Que dirá que sim.
Nine out of ten love stories make me cry. É meu chapa, está provado e comprovado. I`m alive and vivo, muito vivo.
pqp! muito foda!
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