segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Embarcações

Olha só, lá vai um grande amor
Fazendo a curva numa risca escura
Naquela tênue e embaçada linha
Pela beirada, vai o amor pro nunca

Tem um incômodo ao vê-lo indo
E por fazer a curva sem dar seta
Eu quase achei que ia só sorrindo
Dissimulou tão bem a linha reta!

Será que alguém de dentro dele chora
Ou vai o amor abanando o seu lenço
Mas sou só eu lá dentro dele e penso:
Os lenços são bem como as gaivotas

Que dançam livres ao sabor do vento
Embora tanta salmoura por fora
E simbolizam ora o lamento...
Ora a certeza de quem vai embora

Lá foi o amor fazendo a curva escura
Anzol e linha vão barcaça adentro
Quem sabe um vento, outra aventura
Quem sabe a dura proa de meu peito.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

De relance

Olhei de relance e pensei que fosse névoa.
Uma grossa e leitosa névoa descendo do céu por degraus invisíveis e deitando íntima e preguiçosa sobre o canto do mar. Mas névoa não. No Rio de Janeiro o verão não passa. Não era umidade do ar, não era corrente polar, não era bruma. Nada de algodão doce, nem paina caindo, ciclo da água subindo, nem borrifo de onda. Nada de chuva chegando...
Olhei de novo. Meu Deus...era fogo.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Amor, palavras e vento.

Lindas e doces palavras bailavam num vento fresco de chuva esperada.
Bailavam como meus cabelos, entrelaçando fios e poeira, flores e folhas, memória e sonho... Entrelaçam a vida de toda a gente, as palavras ditas e não ditas pela boca. Carregam suaves a vida de toda a gente, as notas assoviadas ao vento.
A vida tem mistérios indissolúveis, deliciosos e assustadores. Mas que fazer dela senão seguir vivendo, fazendo o bem e amando? O bem e o amor acima de tudo, em qualquer que seja a ordem. Uma coisa puxa a outra - o amor e o bem fazer, o bem feito e o querer-bem. E eu só quero isso da vida: O amor, as palavras e o vento.

Ou seja,
Canções.