segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Contenda do Desejo

Rebelar-se contra um desejo
É em vão brigar para perder a luta
Pois o desejo é como Besta-Fera
Nos come o talo, as folhas e a fruta

Aos poucos chupa a polpa e o caroço
Deixando um gosto de gozo e bagaço
Não teme ácido nem cicuta: 
Amarra a boca e aperta o laço

Mas se inocente se rebelar o pobre
A este fogo que arde quanto pulsa
Não se fará vencedor mais nobre
Nem ganhador da contenda injusta

Fará apenas amargar por dentro,
E apontar com ares de repulsa
Àqueles que ao Desejo-Rei –Supremo
Não negam peito nem travam disputa,

Pois se é a vida um sopro passageiro
Que murcha feito a flor sob o mormaço
É do desejo o breve meio-tempo
Entre nascer e morrer de cansaço. 

Um comentário:

  1. Pois o desejo é como o dorso da onça onde o homem está sentado.

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