quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Rio

Rio de Janeiro, selva sem rei
Onde do Atlântico emergem auroras
Rio que gerou, nutriu e amamentou
(com as tetas murchas da descrença)
Cada um dos meus sonhos.

Você, Rio. Ah... você!

Com seu modo escroto de dizer que gosta,
Com suas gentilezas transgressoras
E tantas rudezas instituídas.
Rio, mulher da vida, do vai-da-valsa, do rendez -vous.
Rio senhora muito boa, nos dois sentidos da palavra.
Filha de mãe escrava, de cujas costas garimpo versos
E que no mistério fundo deve manter imersos
Os segredos de quando ainda era aquela.
Rio que borda em seus morros favelas
Que pesponteia nas beiras palácios
E em todas as veias tem algo que excita
Da Barão da Torre à Barão de Mesquita.
Que inunda meus olhos de azul e a pele de lama
Dos talheres de ouro e latrinas imundas
Que fecha uma porta e abre horizontes
Da gente aos montes,da terra fecunda,
Por tudo aquilo que é só seu e meu,
Ou eu enlouqueço, ou morro de amores.

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