quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Naval

E quando eu na noite brado:
Seja você sempre forte!
É que no escuro do quarto
Temo demais a morte

Grito como quem desteme
Ao encarar a maré brava
Desvencilhar do leme
A sua própria sorte.

Se eu brado soluçando
Em frente ao populacho
Digo-lhes as coordenadas
Mas nunca a mim me acho!

A bombordo sonhos verdes
A estiva branca espuma
Sou apenas marinheiro
Que nas águas se perfuma

Nas marés infindas sumo
Nas ressacas me desmancho
Nas areias me espalho
Nas manhãs sussurro manso

E nos cardumes de anseios
Que rimam com despedida
Meu casco é partido ao meio
Antes mesmo da partida.

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