E quando eu na noite brado:
Seja você sempre forte!
É que no escuro do quarto
Temo demais a morte
Grito como quem desteme
Ao encarar a maré brava
Desvencilhar do leme
A sua própria sorte.
Se eu brado soluçando
Em frente ao populacho
Digo-lhes as coordenadas
Mas nunca a mim me acho!
A bombordo sonhos verdes
A estiva branca espuma
Sou apenas marinheiro
Que nas águas se perfuma
Nas marés infindas sumo
Nas ressacas me desmancho
Nas areias me espalho
Nas manhãs sussurro manso
E nos cardumes de anseios
Que rimam com despedida
Meu casco é partido ao meio
Antes mesmo da partida.